Mais dona de mim
Texto: Thais Gimenes
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Hoje meu bebê completou 4 meses e resolvi dar um presente pra mim mesma: um banho tranquilo, sem ficar de olho na babá eletrônica, ouvindo minha playlist favorita.
(Pais podem ficar com bebês sem a nossa supervisão. É verdade esse "bilete").
Cantei alto, ri e sorri. Dancei como nos meus banhos aos 15 anos. Olhei pro meu corpo. Uma barriga que eu nunca tive. Peitos maiores e caídos que também não faziam parte de mim. Marcas dos meses de morada e de fonte de vida. Marcas que eu abraço, que eu aceito e celebro. Marcas que me transformaram. Marcas da chegada do amor da minha vida.
Nesses 4 meses ele já me mostrou a revolução que vai ser na minha vida. Não tô falando da rotina, do sono (ou da falta dele), da dependência.
Parece contraditório, mas ao me dedicar a ele, ele me faz olhar pra mim. Falar por mim. Me respeitar e me fazer respeitar. Dar valor ao que sinto, ao que penso, ao que quero.
Me vejo num processo de desabrochar. De querer olhar pras questões que empurrava com a barriga e jogava pra baixo do tapete. De resolvê-las. De ser melhor. De me realizar. De viver vorazmente.
No momento de maior devoção a outra pessoa da minha vida, me vejo mais dona de mim do que nunca.