Meus filhos me curaram

Texto: Mariana Maluf Zorzi
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Faz um tempo que eu vi um vídeo que me fez cair em lágrimas (praticamente me afogar nelas); era sobre um menino de uns 8 ou 9 anos que salvou a mãe que nadava sozinha, quando teve uma convulsão. Ele foi corajoso, forte e determinado. Se jogou na água, segurou firme enquanto gritava por ajuda de seu pai. Logo que vi comecei a pensar em como era lindo ver que o menino realmente havia salvado a vida de sua mãe (ainda que com o coração apertado a pensar no susto e impacto do que ele tinha vivido).

Foi enquanto eu me recuperava dessas emoções que fui um pouco mais profundo e me dei conta de que os meus filhos também me salvaram. Na verdade, eles me curaram. E não foi de uma doença aparente.

Mas sinto que curar é algo que eles fazem diariamente. Me curam de uma vida com menos sentido. De uma vida sem presença. De uma vida distante.

Me curam de ciclos viciosos, que a gente nem repara que está submersa neles, mas que giram, giram, giram e nos levam a lugar nenhum, apenas ao cansaço vazio, ao ego acariciado.

Me curam de não perceber a real beleza que existe no que há de mais ordinário, rotineiro e simples. E o poder que isso tem na nossa vida.

Me curam ao me tirar de mim mesma. Me arrancarem do egoísmo e mostrarem como pode ser lindo (ainda que exaustivo) o ato de se doar. Por inteiro. O tempo todo. Pelo tempo que eu viver.

Me curam ao me trazer responsabilidade, força, virtudes e princípios. E por me empenhar em trazer isso pra eles com consciência e intenção. Aliás, me curam ao me fazer entender que os bons resultados só serão conquistados quando houver intenção.

Me curam ao me mostrar o meu lado mais doce e mais sombrio, mas a aprender a vê-lo com carinho e gratidão.

É isso. Com certeza uma grande troca, mas uma enorme cura.

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