Os gurus do maternar

Mesmo antes do meu primeiro filho nascer, mais ou menos no meio do último trimestre, eu escolhi quem seria nosso pediatra. Marquei uma pré consulta com três nomes recomendados por amigas, conheci cada um pessoalmente e escolhi aquele com quem meu marido e eu tivemos maior afinidade. Levamos uma lista de perguntas, tiramos várias dúvidas e saímos da última entrevista com a decisão tomada. 

O bebê nasceu super saudável, mas mesmo assim eu bombardeava o médico com uma quantidade de perguntas todos os dias que só as mães de primeira viagem conseguem fazer. Mas tem outra coisa que as mães de primeira viagem também fazem com frequência: procuram informações demais na Internet e acabam caindo nas armadilhas dos "gurus" que vendem cursos para ensinar essas mães a cuidarem de seus próprios bebês.

Eu sou profundamente a favor de nós, no papel de mãe, nos aprofundarmos em conhecimento de qualidade para conseguir cuidar e educar nossos filhos com segurança, responsabilidade e com a tranquilidade de saber que estamos fazendo nosso melhor, tomando as deciões corretas e nos sentindo competentes para criar nossos bebês e crianças.

De onde vem então essa insegurança que nos leva a cair nas armadilhas da internet? Curso de sono, curso de banho, curso de massagem para bebês, curso de introdução alimentar. Tem curso de tudo! Como fazer dormir, como fazer mamar, quais estímulos proporcionar, o que fazer com a chupeta, como tirar leite, como armazenar leite, como estimular sua produção de leite... é uma infinidade de assuntos (úteis e importantes) que podem ser "ensinados" de diversas formas à critério daquele que ensina. E nem todos que ensinam são competentes.

Não me interprete mal: alguns cursos são bons (acho que vi uns 2 até hoje que foram criados por especialistas mesmo) mas muitos dos gurus da internet são pessoas sem formação acadêmica para falar dos assuntos abordados. Não são pediatras e nem enfermeiras, não são profissionais da área da saúde. São apenas entusiastas do universo infantil que se sentem no direito de falar sobre temas profundamente importantes que tangem a saúde, o bem estar e o desenvolvimento dos nossos filhos com tanta propriedade que ficamos tentadas a acreditar no que eles falam.

Eu escrevo esse texto como uma mãe de três crianças pequenas que já caiu nessas armadilhas e hoje enxerga a maternidade por outro prisma. Cuidar, educar e ver uma criança crescer pode ser mais leve, mais tranquilo e mais alegre do que apenas uma lista de tarefas que devem ser concluídas de uma forma específica.

A única pessoa em quem eu confio hoje para tirar minhas dúvidas e dar conselhos sobre como cuidar dos meus filhos é o nosso tão bem selecionado pediatra. Também adoro trocar experiências com as minhas amigas que estão vivendo uma fase semelhante, mas com o bom senso de saber que nem tudo o que funciona na casa ao lado é o que vai funcionar na nossa casa.

Por isso, para as mães de primeira viagem que chegaram até aqui, o meu conselho não solicitado (de alguém que não é guru de nada) é o seguinte: siga seu instinto e siga seu pediatra. De resto, aproveite! A infância é curta demais pra você cair em armadilhas.

Com carinho,
Luciana da @passalinho

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