Ser mãe é viver numa roda gigante
Texto: Thais Gimenes
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Depois de umas 3 semanas achando que eu tinha dominado a maternidade, com uma rotina linda e tranquila, estou aqui deitada no tapetinho de atividades dele, chorando e pensando o que eu estaria fazendo agora se não fosse mãe.
Nessa manhã foram quase 60 minutos de chacoalho, shhhh, liga o ar, desliga o ar, canta, faz silêncio, põe música, conversa, pede pelo amor de Deus pra dormir…tudo isso pro sono não engrenar.
Longe de mim querer dramatizar a maternidade, mas tem dia que pesa.
Eu estava ali, com todo amor e paciência do mundo e o neném, que obviamente não tem culpa de nada, não parava de berrar no meu colo. Aos poucos o sentimento de acolhimento foi sendo testado, inevitavelmente minha cabeça ia longe e o pensamento de “realmente era isso que eu queria pra minha vida?”, apareceu.
Ele chora e eu choro junto, o que, com certeza, não ajuda. Mas as vezes é só o que dá pra entregar.
Desisto do sono, escolho dar de mamar. Ele acalma, mas meu choro não seca. Seu olhar busca o meu e quando encontra dá aquele sorriso que mostra a banguela todinha. Meu choro aumenta. Agora o cansaço se junta ao amor e à culpa de minutos antes ter desejado que nada disso existisse.
Não são só os hormônios que deixam a gente maluca. A sensação de vitória após semanas perfeitas que sempre vêm seguidas de dias terríveis, derruba qualquer um.
Não tem jeito: há de se acostumar que ser mãe é viver numa roda gigante com períodos de vista linda, seguidos da sensação de permanecer embaixo pra sempre. Choro agudo e sorrisos apaixonantes. O jeito é se apegar nessa roda gigante, com a certeza de que ela vai subir de novo...